Monday, September 3, 2012

Scripta manent...

O brasileiro desde sempre demonstrou uma deferência doentia pela palavra escrita. A etiologia do fenômeno deve estar relacionada ao fato de que, até meados do século XX, grande parte da população ignorante dependia dos "doutores", "aqueles que sabiam escrever", para resolver seus problemas burocráticos. A palavra dos que sabiam escrever, pois, eram dignas de confiança. Com o período finissecular, propaga-se no Brasil a revolução digital do compartilhamento de informações - a Internet; e, com ela, um grande problema derivado de sua natureza: a Internet é escrita.

Para os brasileiros que agora têm acesso à Internet, mas que continuam sem ferramentas cognitivas para processar a informação e a cultura, a palavra da Internet é a palavra dos doutores de então. E essa é a origem natural da credulidade e, por consequência, da má fé dos milhares de pilantras cibernéticos do século XXI.

Um dos "mitos urbanos" que mais me irrita é o de que "se, numa eleição, mais de 50% dos votos for nulo, será convocada nova eleição com outros candidatos". Espalhados como sarna em cachorro, pilantras e gente de bem, mas crédula (talvez na mesma proporção), fazem com que uma lenda vire (in)consciente coletivo, ao ponto de discutirem em passionais argumentações orais, com aquela veemência que só a ignorância dá, duvidando da minha informação de que a balela não passa de tal. A única chance que tenho contra os ignorantes é, portanto, utilizar de seu mesmo ardil: a palavra escrita.

Basta referir-se à lei 9504 aqui e ler, por exemplo, os artigos 2º e 3º. Convencer-se a si mesmo é o caminho mais curto para a convicção.

A Internet está cheia deles. Suas informações são falsas - e propagam-se literalmente à velocidade da luz. Você terá sempre esta escolha: aceite-os ou acabe com eles, os ignorantes.

Um abraço,
Rafael Lanzetti